Dr. Rafael Amaral de Castro, CRM-DF 13827

CLÍNICA MÉDICA - RQE Nº: 9934
ONCOLOGIA CLÍNICA - RQE Nº: 10032

Câncer de Pulmão: O Guia Completo e Atualizado para 2025

Em busca de informações detalhadas e confiáveis sobre o tratamento do Câncer de Pulmão? No blog da Neoaccess, o Dr. Rafael Amaral de Castro oferece artigos completos baseados nos protocolos mais recentes de 2025. Aprofunde-se em temas como biologia molecular, estadiamento (TNM), terapias-alvo, imunoterapias e muito mais. Além disso, assista ao nosso vídeo de 5 minutos para um resumo prático. Sua fonte de conhecimento em oncologia está aqui! Leia o Artigo / Visitar Site www.neoaccess.med.br WhatsApp Business: 61981979192 youtube da neoaccess: https://www.youtube.com/channel/UCySIKd0ygqU8PT7iTNG-YKw instagram rafaelcastroonco: https://www.instagram.com/rafaelcastroonco/@NEOACCESS.MED Hashtags Sugeridas: #Neoaccess #BlogDeSaúde #CâncerDePulmao #OncologiaAtualizada #DrRafaelAmaral #InformaçãoConfiável #TratamentoCâncer #MedicinaDePrecisão #EducaçãoEmSaúde

Dr. Rafael Amaral de Castro

9/29/202517 min read

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Desvendando o Câncer de Pulmão: Um Guia Completo para Pacientes

Dr. Rafael Amaral de Castro - Neoaccess.med.br

Receber o diagnóstico de câncer de pulmão pode ser um momento avassalador, repleto de incertezas e medos. No entanto, é fundamental saber que a medicina está em constante evolução, e hoje contamos com avanços extraordinários que transformaram o prognóstico e a qualidade de vida de muitos pacientes. Meu objetivo com a Neoaccess e com este guia é justamente trazer luz e clareza sobre os "Protocolos Atualizados de Tratamento do Câncer de Pulmão", que são os caminhos que a ciência nos indica para combater esta doença.

Se você está aqui, seja como paciente, familiar ou cuidador, saiba que não está sozinho(a). A informação é o primeiro passo para tomar decisões conscientes e enfrentar a doença com mais segurança. Juntos, vamos entender o que é o câncer de pulmão, como ele é diagnosticado, estadiado e, principalmente, quais são as estratégias de tratamento mais modernas e personalizadas disponíveis hoje.

O Câncer de Pulmão no Brasil e no Mundo: Uma Luta Compartilhada

O câncer de pulmão é, infelizmente, uma das principais causas de mortalidade por câncer em todo o mundo. Em 2022, mais de 2,4 milhões de novos casos foram registrados, e a doença superou a soma de óbitos de outros cânceres como o de mama, próstata e colorretal. No Brasil, as estimativas do Instituto Nacional de Câncer (INCA) para 2023-2025 o colocam entre os cânceres mais comuns, tanto em homens quanto em mulheres.

É importante ressaltar que o tabagismo é o fator de risco mais significativo, responsável por uma grande parte dos casos. Parar de fumar é a medida mais eficaz para reduzir o risco. No entanto, é crucial entender que o câncer de pulmão pode afetar qualquer pessoa, mesmo quem nunca fumou.

Dois Mundos Diferentes: Câncer de Pulmão de Não Pequenas Células (CPNPC) e Câncer de Pulmão de Pequenas Células (CPPC)

Embora ambos sejam cânceres de pulmão, o CPNPC e o CPPC são como "primos" distantes. Eles se comportam de maneiras diferentes, têm características moleculares distintas e, por isso, exigem abordagens de tratamento específicas.

O CPNPC é o tipo mais comum, representando cerca de 85% dos casos. É uma doença muito heterogênea, ou seja, pode se apresentar de diversas formas. Já o CPPC é menos frequente (10-15% dos casos), mas é conhecido por ser mais agressivo e se espalhar rapidamente.

Vamos mergulhar em cada um deles:


Câncer de Pulmão de Não Pequenas Células (CPNPC): A Era da Medicina de Precisão

O CPNPC é um câncer complexo, mas também é onde a medicina de precisão tem feito a maior diferença. Isso significa que o tratamento é cada vez mais "sob medida" para as características específicas de cada tumor.

Subtipos Histológicos: Por Que Eles Importam?

Dentro do CPNPC, existem três principais subtipos, identificados pela análise das células ao microscópio (histologia):

1. Adenocarcinoma: É o mais comum, representando cerca de 40% dos casos. Tende a ser encontrado em pessoas que nunca fumaram e geralmente se localiza na periferia do pulmão. É neste subtipo que encontramos a maior probabilidade de "mutações acionáveis", que são alterações genéticas específicas que podem ser combatidas com medicamentos-alvo.

2. Carcinoma Escamoso (Epidermoide): Corresponde a 25-30% dos CPNPC e está fortemente ligado ao tabagismo. Geralmente surge nas vias aéreas maiores, mais centrais no pulmão. Embora menos propenso a mutações acionáveis, a imunoterapia tem um papel crucial em seu tratamento.

3. Carcinoma de Grandes Células: É um diagnóstico menos comum (cerca de 10%) e se caracteriza por células grandes e pouco diferenciadas. A busca por alvos moleculares pode ser mais desafiadora aqui.

A identificação correta do subtipo histológico é o primeiro passo para direcionar os exames moleculares e o plano de tratamento.

Vias Moleculares e Mutações Acionáveis: A Chave para Terapias Personalizadas

Imagine que o câncer cresce porque algumas "chaves" (mutações) ligam constantemente "interruptores" (vias moleculares) que estimulam o tumor. A medicina de precisão busca identificar essas chaves para usar "fechaduras" (terapias-alvo) que as bloqueiem. A pesquisa dessas alterações genéticas é fundamental e pode ser a diferença entre um tratamento que funciona para a maioria e um tratamento que funciona especificamente para você.

As mutações mais importantes que buscamos no CPNPC incluem:

EGFR (Receptor do Fator de Crescimento Epidérmico): As mutações ativadoras neste gene são as mais frequentes, especialmente em adenocarcinomas e em pacientes de ascendência asiática. Existem inibidores de tirosina quinase (TKIs) específicos para bloqueá-las, como o osimertinibe. Novas combinações e medicamentos estão surgindo, como lazertinibe + amivantamabe.

ALK (Quinase do Linfoma Anaplásico): Rearranjos neste gene são encontrados em uma pequena porcentagem de pacientes, geralmente não fumantes com adenocarcinoma. Inibidores de ALK (como alectinibe, brigatinibe, lorlatinibe) são muito eficazes.

ROS1 (Oncogene do Sarcoma de Rato 1): Rearranjos, embora raros, também são sensíveis a TKIs específicos (crizotinibe, entrectinibe, taletrectinibe, repotrectinibe), que oferecem respostas duradouras.

BRAF (Proto-oncogene B-Raf): Mutações neste gene podem ser tratadas com a combinação de inibidores de BRAF e MEK (dabrafenibe + trametinibe).

RET (Rearranjado durante a Transfecção): Rearranjos no gene RET respondem a inibidores seletivos (selpercatinibe, pralsetinibe).

NTRK (Receptor de Tirosina Quinase Neurotrófico): Fusões raras, mas altamente sensíveis a inibidores de NTRK (larotrectinibe, entrectinibe).

HER2 (Receptor 2 do Fator de Crescimento Epidérmico Humano): Mutações no HER2 podem ser tratadas com conjugados anticorpo-droga (ADCs) como o trastuzumabe deruxtecana.

MET (Fator de Transição Epitelial-Mesênquimal): Alterações no gene MET, como amplificações ou mutações de "skipping" no éxon 14, são sensíveis a inibidores de MET (capmatinibe, tepotinibe).

KRAS G12C: Uma mutação muito comum, agora com inibidores específicos (sotorasibe, adagrasibe).

A Importância do PD-L1: Além das mutações genéticas, avaliamos a expressão de PD-L1 (ligante de morte programada 1). O PD-L1 é um biomarcador que indica a probabilidade de o tumor responder à imunoterapia. Quanto maior a expressão de PD-L1 no tumor, maior a chance de a imunoterapia funcionar sozinha ou em combinação.

Como Investigamos o Câncer de Pulmão: O Caminho para o Diagnóstico e Estadiamento

O caminho para definir o tratamento ideal começa com uma investigação minuciosa.

1. Investigação Molecular Abrangente: Para CPNPC, especialmente o adenocarcinoma, a investigação molecular é crucial. A técnica preferencial hoje é o Sequenciamento de Nova Geração (NGS). Imagine o NGS como um "leitor" que consegue analisar simultaneamente muitos genes do tumor em busca de todas as mutações e alterações genéticas conhecidas. Isso nos dá um mapa completo do seu câncer, otimizando o uso do tecido (que muitas vezes é limitado) e permitindo encontrar mutações raras.

Em casos de urgência ou quando o tecido é insuficiente, podemos usar testes mais rápidos para as mutações mais comuns, ou até mesmo uma biópsia líquida (análise de DNA tumoral circulante no sangue) para algumas mutações, embora a biópsia de tecido ainda seja o padrão-ouro. A avaliação do PD-L1 por imuno-histoquímica (IHC) é obrigatória e feita junto com a análise molecular.

2. Exames de Imagem para Estadiamento: O estadiamento, ou seja, determinar a extensão do câncer no corpo, é vital para definir o melhor tratamento. Para isso, utilizamos:

Tomografia Computadorizada (TC) de Tórax e Abdome Superior: Ajuda a ver o tumor principal, linfonodos e possíveis metástases em órgãos como fígado e adrenais.

PET-CT (Tomografia por Emissão de Pósitrons): Um exame de alta sensibilidade que detecta áreas com metabolismo aumentado (típico de células cancerosas) em todo o corpo. Ele é essencial para encontrar metástases distantes que a TC pode não ver, evitando tratamentos desnecessários e garantindo que o câncer não esteja subestimado.

Ressonância Magnética (RM) de Crânio: É obrigatória para todos os pacientes com CPNPC, mesmo sem sintomas. O câncer de pulmão tem uma alta incidência de metástases cerebrais, e a RM é o exame mais sensível para detectá-las, mesmo que sejam muito pequenas, o que é crucial para o planejamento do tratamento. Um PET-CT negativo não substitui a RM de crânio.

3. Avaliação do Mediastino (Linfonodos):O mediastino é a região entre os pulmões, onde se localizam linfonodos importantes. A presença de câncer nesses linfonodos (N2 ou N3) tem um grande impacto no prognóstico e no tratamento. Se houver suspeita na TC ou PET-CT, ou em tumores maiores, precisamos confirmar com uma biópsia:

Ultrassonografia Endobrônquica (EBUS) com Biópsia: Um procedimento minimamente invasivo para coletar amostras de linfonodos do mediastino e do hilo pulmonar.

Ultrassonografia Endoscópica (EUS) com Biópsia: Complementa o EBUS, acessando linfonodos em áreas mais posteriores e abaixo do diafragma.

Mediastinoscopia: Considerada o "padrão-ouro" para alguns casos, especialmente se os exames menos invasivos forem negativos, mas a suspeita ainda for alta.

4. Critérios de Estadiamento TNM (AJCC, 9ª Edição): O sistema TNM é uma linguagem universal para descrever a extensão do câncer, combinando três informações:

T (Tumor): Descreve o tamanho do tumor principal e se ele invadiu estruturas próximas.

N (Linfonodos): Indica se o câncer se espalhou para os linfonodos próximos.

M (Metástase): Sinaliza a presença ou ausência de metástases (espalhamento do câncer para órgãos distantes).A combinação desses três elementos define o estágio anatômico da doença (por exemplo, Estágio I, II, III ou IV), que é fundamental para guiar as decisões de tratamento. A 9ª edição do AJCC (adotada em 2025) trouxe refinamentos para uma estratificação ainda mais precisa.

Estratégias de Tratamento para CPNPC: Um Plano Personalizado

A escolha do tratamento é uma decisão complexa, sempre discutida em equipe multidisciplinar, considerando o estágio, a histologia, o perfil molecular, o estado geral de saúde e as preferências do paciente.

1. Cirurgia e Radioterapia (Com Intenção Curativa)

Cirurgia: É a principal modalidade para pacientes em estágios iniciais (IA, IB, IIA, IIB e alguns casos selecionados de IIIA). O objetivo é a remoção completa do tumor e dos linfonodos, aumentando as chances de cura. A Lobectomia (remoção de um lobo pulmonar) é o padrão. Em tumores menores ou pacientes mais frágeos, podemos considerar ressecções sublobares (Segmentectomia). A remoção dos linfonodos (Linfadenectomia Mediastinal) é essencial para um estadiamento preciso.

Radioterapia (RT): Tem um papel fundamental em diversas situações:

SBRT (Radioterapia Corporal Estereotáxica): Para pacientes em estágios iniciais que não podem ou não querem fazer cirurgia. Ela entrega altas doses de radiação de forma muito precisa em poucas sessões.

Quimiorradioterapia Concomitante: Para doenças localmente avançadas (Estágios IIIA, IIIB) que não são operáveis. É a combinação de quimioterapia e radioterapia administradas ao mesmo tempo para potencializar o efeito.

2. Terapia Neoadjuvante (Antes da Cirurgia)

Essa abordagem, administrada antes da cirurgia, tem três objetivos principais:

Reduzir o tamanho do tumor, facilitando a cirurgia.

Erradicar células cancerosas que possam ter se espalhado (micrometástases), mas que ainda não são detectáveis.

Aumentar as chances de uma resposta patológica completa (nenhuma célula de câncer viável encontrada no tumor após a remoção) e, consequentemente, melhorar a sobrevida a longo prazo.

Quimioterapia Neoadjuvante Isolada: Antigamente, a quimioterapia antes da cirurgia já mostrava benefícios. Hoje, ela ainda pode ser uma opção para pacientes que não podem receber imunoterapia.

Quimioimunoterapia Neoadjuvante: A combinação de quimioterapia com imunoterapia (inibidores de PD-1/PD-L1 como o nivolumabe) antes da cirurgia tornou-se a abordagem preferencial para CPNPC ressecável (estágios IB a IIIA) sem mutações acionáveis (EGFR/ALK). Estudos como o CheckMate 816 demonstraram que essa combinação prolonga significativamente o tempo sem a doença (sobrevida livre de eventos) e aumenta as chances de uma resposta patológica completa. Isso é um grande avanço! Outros estudos (NADIM-II, AEGEAN, KEYNOTE-671, CheckMate 77T) reforçam esses benefícios.

3. Terapia Adjuvante (Após a Cirurgia)

Após a remoção cirúrgica do tumor, o tratamento adjuvante visa eliminar qualquer célula cancerosa que possa ter restado e que não era visível, prevenindo a recidiva da doença e melhorando a sobrevida.

Quimioterapia Adjuvante: É o tratamento padrão para CPNPC em estágios IB (tumores maiores) a IIIA após cirurgia completa, geralmente por 4 ciclos.

Imunoterapia Adjuvante: Tornou-se uma opção importante, especialmente para pacientes com expressão de PD-L1. Medicamentos como o pembrolizumabe (estudo KEYNOTE-091) e o atezolizumabe (estudo IMpower010) demonstraram melhoria significativa na sobrevida livre de doença em pacientes selecionados.

Terapia-Alvo Adjuvante:

Osimertinibe: Para pacientes com CPNPC em estágios IB a IIIB que possuem mutações no EGFR (deleções no éxon 19 ou L858R no éxon 21) após cirurgia e quimioterapia. O osimertinibe, tomado por 3 anos (ADAURA), melhora significativamente o tempo sem a doença e a sobrevida global.

Alectinibe: Para CPNPC ALK-positivo em estágios IB a IIIA após cirurgia e quimioterapia, o alectinibe demonstrou benefício importante.

Radioterapia Adjuvante (PORT): Não é indicada rotineiramente, mas pode ser considerada em casos específicos, como quando as margens cirúrgicas estão comprometidas (R1/R2) ou em pacientes com envolvimento linfonodal N2 patológico, sempre com uma avaliação cuidadosa dos riscos e benefícios.

4. Tratamento Paliativo (Doença Avançada ou Metastática)

Quando o câncer está avançado ou se espalhou para outras partes do corpo (metastático), o tratamento paliativo foca em controlar a doença, aliviar os sintomas, melhorar a qualidade de vida e prolongar a sobrevida. É crucial que o cuidado paliativo seja introduzido precocemente para oferecer o melhor suporte ao paciente.

Primeira Linha de Tratamento (CPNPC com Mutações Acionáveis): Se o tumor tiver uma das "mutações acionáveis" que mencionamos, a terapia-alvo com inibidores específicos é a abordagem preferencial. Eles geralmente têm altas taxas de resposta, prolongam o tempo sem progressão da doença e têm um perfil de toxicidade mais favorável que a quimioterapia tradicional.

EGFR: O osimertinibe é o TKI de terceira geração preferencial. Dados do estudo FLAURA2 mostraram que a combinação de osimertinibe com quimioterapia pode ser ainda mais eficaz, especialmente para pacientes com mutação L858R e metástases cerebrais, controlando a doença de forma superior.

Inserções no éxon 20 do EGFR: A combinação de amivantamabe + quimioterapia é o novo padrão de primeira linha.

ALK: Inibidores de ALK de nova geração (alectinibe, brigatinibe, lorlatinibe, ensartinibe) são preferenciais, com o lorlatinibe se destacando por sua eficácia também contra metástases cerebrais.

ROS1: Crizotinibe, entrectinibe, taletrectinibe e repotrectinibe são opções preferenciais, com boa penetração no sistema nervoso central.

BRAF V600E: Dabrafenibe + trametinibe é a terapia padrão.

RET: Inibidores seletivos de RET (selpercatinibe, pralsetinibe) são a primeira escolha.

NTRK: Inibidores de NTRK (larotrectinibe, entrectinibe) são altamente eficazes.

MET: Inibidores de MET (capmatinibe, tepotinibe) para mutações específicas.

KRAS G12C: Embora sotorasibe e adagrasibe sejam inibidores importantes, na primeira linha, a imunoterapia com ou sem quimioterapia é preferida.

Primeira Linha de Tratamento (CPNPC sem Mutações Acionáveis e com Expressão de PD-L1): Se o tumor não tiver mutações acionáveis, a imunoterapia, isolada ou combinada com quimioterapia, é a espinha dorsal do tratamento. A escolha depende do nível de expressão de PD-L1:

PD-L1 ≥ 50%: Pacientes com alta expressão de PD-L1 respondem bem à imunoterapia em monoterapia (pembrolizumabe, atezolizumabe, cemiplimabe). A combinação com quimioterapia pode ser considerada para maior taxa de resposta ou em casos de grande volume de doença.

PD-L1 1-49%: A quimioimunoterapia (quimioterapia baseada em platina + inibidor de PD-1/PD-L1 como pembrolizumabe, atezolizumabe, durvalumabe, nivolumabe/ipilimumabe) é a abordagem preferencial.

PD-L1 < 1%: A quimioimunoterapia é o padrão. A imunoterapia sozinha tem eficácia limitada. A combinação de quimioterapia com dupla imunoterapia (nivolumabe + ipilimumabe) tem se mostrado promissora, especialmente para pacientes com PD-L1 negativo (CheckMate 9LA).

CPNPC sem Mutações Acionáveis e sem Expressão de PD-L1 (ou não testado):Nestes casos, a quimioterapia baseada em platina (cisplatina ou carboplatina) é o tratamento principal. As principais quimioterapias associadas são:

- Premetrexed para os CPNPC não escamosos. Tem usar vitamina B12 Intra muscular e comprimidos de acido folínico durante seu uso.

- Taxanos tais como Docetaxel e placlitaxel que atuam na desorganização dos microtúbulos na hora da divisão dos cromossomos entre as células filhas, ao final da mitose. Hoje também tem o Nab-placlitaxel que conjugado torna-se menos tóxico.

- Gencitabina que atua no metabolismo do DNA causando vários erros e levando a apoptose (morte celular).

Linhas Subsequentes de Tratamento: Se o câncer progredir após o tratamento inicial, realizamos novas avaliações (rebiópsia líquida ou tecidual) para identificar novos "drivers" ou mecanismos de resistência. O tratamento então é adaptado, podendo incluir outros TKIs, quimioterapia, imunoterapia ou novos ADCs.

CPNPC: Carcinoma Escamoso - Um Foco Diferenciado

O carcinoma escamoso, embora seja um subtipo de CPNPC, tem algumas particularidades. Ele é menos propenso a ter mutações acionáveis, então o foco principal do tratamento recai na imunoterapia e na quimioterapia.

Neoadjuvância: A quimioimunoterapia antes da cirurgia (combinações de platina com gencitabina, docetaxel ou paclitaxel, associadas a nivolumabe, pembrolizumabe ou durvalumabe) é a abordagem padrão e tem demonstrado bons resultados.

Adjuvância: Após a cirurgia, a quimioterapia ainda é importante. A imunoterapia adjuvante (pembrolizumabe, atezolizumabe) também é considerada, especialmente para pacientes com PD-L1 positivo.

Tratamento Paliativo: O status do PD-L1 é crucial para guiar a escolha entre monoterapia com imunoterapia ou quimioimunoterapia. Combinações com dupla imunoterapia (nivolumabe + ipilimumabe) são especialmente relevantes para pacientes com PD-L1 baixo.

Novidades em CPNPC (2024-2025): Um Futuro Promissor

O campo do CPNPC está em constante ebulição, com 11 aprovações pelo FDA desde 2024. As novidades se concentram em:

Novos Alvos e Terapias-Alvo: Novos medicamentos para HER2 (zongertinibe), EGFR éxon 20 (sunvozertinibe), ROS1 (taletrectinibe), e outros.

Imunoterapia Subcutânea: Formulações mais convenientes para aplicação da imunoterapia.

Terapia Perioperatória: Refinamento das abordagens combinadas (antes e depois da cirurgia).

Novos Biomarcadores: Pesquisas para identificar ainda mais marcadores que prevejam a resposta aos tratamentos.


Câncer de Pulmão de Pequenas Células (CPPC): Agressivo, Mas com Novos Aliados

O CPPC, embora menos comum, é um câncer particularmente agressivo. Ele cresce e se espalha muito rapidamente, o que o torna um desafio. No entanto, houve avanços significativos nos últimos anos, especialmente com a integração da imunoterapia.

Características do CPPC:

Biologia Agressiva: O CPPC tem um perfil molecular mais homogêneo que o CPNPC. Raramente encontramos as "mutações acionáveis" que vemos no CPNPC. Em vez disso, o CPPC é caracterizado por alterações em genes supressores de tumor (como TP53 e RB1) e amplificações de outros genes que promovem o crescimento (como MYC).

PD-L1: A expressão de PD-L1 no CPPC é geralmente baixa, o que significa que a imunoterapia sozinha não costuma ser tão eficaz, mas em combinação com a quimioterapia, ela se tornou um divisor de águas.

Como Investigamos o CPPC:

A investigação no CPPC é um pouco diferente da do CPNPC:

Diagnóstico Histopatológico: O diagnóstico é feito pela análise do tecido, confirmando a presença de células pequenas e marcadores neuroendócrinos.

Sem Busca Rotineira de Mutações Acionáveis: Não costumamos procurar por EGFR, ALK, etc., pois são muito raros no CPPC.

Exames de Imagem para Estadiamento: São cruciais para definir se a doença é "limitada" ou "extensa":

TC de Tórax, Abdome e Pelve: Para avaliar o tumor primário, linfonodos e metástases.

PET-CT: Altamente recomendado para todos os pacientes, detecta lesões metabolicamente ativas e ajuda a diferenciar entre doença limitada e extensa.

RM de Crânio: Obrigatória para todos os pacientes, mesmo sem sintomas, devido à altíssima incidência de metástases cerebrais no CPPC (até 50% dos pacientes ao longo da doença).

Critérios de Estadiamento VALCSG: No CPPC, usamos um sistema mais simplificado:

Doença Limitada (DL): O tumor está confinado a um hemitórax, podendo ser incluído em um único campo de radioterapia. Corresponde a cerca de 30% dos casos.

Doença Extensa (DE): Qualquer doença que ultrapasse os limites da DL, incluindo metástases à distância ou linfonodos no lado oposto do pulmão. A maioria dos pacientes (70%) é diagnosticada com DE.

Estratégias de Tratamento para CPPC:

1. Cirurgia e Radioterapia:

Cirurgia: Tem um papel muito limitado, restrito a pacientes com doença em estágios muito iniciais (T1-T2 N0 M0), e sempre seguida por quimioterapia e radioterapia.

Radioterapia (RT): É um pilar fundamental do tratamento:

Radioterapia Torácica: Essencial para a doença limitada (DL-CPPC), administrada junto com a quimioterapia para aumentar as chances de cura. Para a doença extensa (DE-CPPC), pode ser considerada para consolidar a resposta após a quimioterapia.

Radioterapia Profilática Craniana (RPC): É uma estratégia fundamental! Como o CPPC tem uma alta chance de se espalhar para o cérebro, a RPC é administrada para prevenir o surgimento de metástases cerebrais, mesmo que a RM não mostre nada. É recomendada para pacientes com boa resposta ao tratamento inicial e bom estado geral.

2. Tratamento para Doença Limitada (DL-CPPC):

O tratamento padrão é a quimiorradioterapia concomitante (quimioterapia e radioterapia ao mesmo tempo), com o objetivo de cura.

Quimioterapia: Geralmente, etoposídeo e uma platina (cisplatina ou carboplatina).

Radioterapia Torácica: Administrada desde o primeiro ou segundo ciclo da quimioterapia.

Terapia de Consolidação com Durvalumabe: Para pacientes com DL-CPPC que não progrediram após a quimiorradioterapia, a imunoterapia com durvalumabe (inibidor de PD-L1) por até 24 meses é um novo padrão de tratamento. O estudo ADRIATIC demonstrou um ganho estatístico e clinicamente significativo na sobrevida global.

Radioterapia Profilática Craniana (RPC): Recomendada após o tratamento para pacientes com boa resposta, para prevenir metástases cerebrais.

3. Tratamento para Doença Extensa (DE-CPPC):

O tratamento padrão é a quimioimunoterapia sistêmica em primeira linha, com o objetivo de controlar a doença e prolongar a vida.

Primeira Linha (Quimioimunoterapia): A combinação de quimioterapia (etoposídeo + platina) com imunoterapia (atezolizumabe ou durvalumabe) é o padrão atual. Estudos como o IMpower133 (com atezolizumabe) e o CASPIAN (com durvalumabe) mostraram melhora significativa na sobrevida global.

Radioterapia Profilática Craniana (RPC): Também é considerada para pacientes com boa resposta à quimioterapia sistêmica.

Linhas Subsequentes de Tratamento (Recidiva ou Progressão):Se o CPPC recidivar ou progredir, o tratamento é desafiador. A escolha depende de quanto tempo o paciente ficou sem tratamento (intervalo livre de tratamento – TLFI):

Recidiva Sensível (TLFI ≥ 6 meses): Podemos considerar a reexposição a um regime baseado em platina.

Recidiva Resistente (TLFI < 6 meses): As opções são mais limitadas, mas novos medicamentos estão surgindo:

Tarlatamabe: Um novo anticorpo biespecífico (anti-DLL3 e anti-CD3) que demonstrou eficácia superior em estudos de fase II e III, representando um avanço para o CPPC refratário.

Lurbinectedina: Demonstrou atividade em pacientes que progrediram, especialmente com TLFI ≥ 6 meses.

Topotecano e Irinotecano: São quimioterapias tradicionais ainda utilizadas.

Ensaios Clínicos: São sempre encorajados para pacientes com CPPC recidivado, pois trazem acesso a terapias inovadoras.

Novidades em CPPC (2024-2025): Uma Nova Esperança

O cenário do CPPC, historicamente mais limitado, está mudando rapidamente:

Imunoterapia em Combinação: A quimioimunoterapia com atezolizumabe ou durvalumabe é agora o padrão de primeira linha.

Lurbinectedina: Uma opção aprovada para pacientes que progrediram à primeira linha.

Conjugados Anticorpo-Droga (ADCs): O Tarlatamabe (Imdelltra™), um anticorpo biespecífico, foi recentemente aprovado e representa um grande avanço para o CPPC refratário.

Biomarcadores Emergentes: A pesquisa continua para encontrar marcadores que nos ajudem a personalizar ainda mais o tratamento.

Conclusão Final: O Futuro do Tratamento do Câncer de Pulmão

O tratamento do câncer de pulmão, seja CPNPC ou CPPC, está em uma era de transformação acelerada. A palavra-chave é personalização. Graças a uma compreensão cada vez mais profunda da biologia molecular e imunológica de cada tumor, somos capazes de oferecer estratégias mais eficazes e com menos efeitos colaterais.

No CPNPC, a medicina de precisão floresce com as terapias-alvo e a imunoterapia, que se consolidaram em todas as fases da doença – antes da cirurgia, depois da cirurgia e na doença metastática. Novos medicamentos e abordagens estão surgindo constantemente.

Para o CPPC, que sempre foi mais desafiador, a integração da quimioimunoterapia e o surgimento de novas classes de agentes como o tarlatamabe, trazem uma esperança renovada e resultados antes inimagináveis.

Em ambos os casos, a abordagem multidisciplinar – ou seja, uma equipe de diversos especialistas trabalhando em conjunto –, um estadiamento preciso com exames de imagem avançados, uma investigação molecular abrangente e a atualização contínua sobre os avanços científicos são indispensáveis.

Nosso compromisso na Neoaccess, e meu como Dr. Rafael Amaral de Castro, é traduzir essas descobertas científicas em benefícios reais para você, nosso paciente, com o objetivo primordial de melhorar sua sobrevida e sua qualidade de vida.

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