Dr. Rafael Amaral de Castro, CRM-DF 13827

CLÍNICA MÉDICA - RQE Nº: 9934
ONCOLOGIA CLÍNICA - RQE Nº: 10032

Controle de Náusea e Vômitos em Pacientes Oncológicos

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Dr. Rafael Amaral de Castro

10/5/202518 min read

Assista o vídeo resumo aqui

Controle de Náusea e Vômitos

Olá, Sou Dr Rafael Amaral de Castro e é um prazer guiá-lo por este assunto tão importante. Entendemos que enfrentar o câncer já é um grande desafio, e a náusea e o vômito podem torná-lo ainda mais difícil. Mas a boa notícia é que existem muitos tratamentos e estratégias para controlar esses sintomas e ajudar você a ter mais conforto e qualidade de vida durante o seu tratamento.

A oncologia é uma área da medicina que enfrenta diversos desafios, e um dos mais notáveis é o manejo de efeitos colaterais associados ao tratamento do câncer, como a náusea e os vômitos. Esses sintomas não apenas impactam a qualidade de vida dos pacientes, mas também podem interferir na continuidade do tratamento, levando à desnutrição e à desidratação.

Este guia foi feito pensando em você e na sua família, para explicar de forma clara como a náusea e o vômito acontecem, quais medicamentos podem ajudar e o que você pode fazer no dia a dia. Queremos que você se sinta mais seguro(a) e preparado(a).

1. Um Guia para o seu Conforto

A náusea e o vômito são, sem dúvida, alguns dos efeitos colaterais mais desafiadores do tratamento do câncer. Eles podem surgir por conta da quimioterapia (injetável ou oral), da radioterapia e até mesmo pela doença em si. É totalmente normal sentir-se preocupado(a) com esses sintomas, mas queremos que você saiba que existem muitas maneiras eficazes de preveni-los e tratá-los. O objetivo deste guia é desmistificar esse processo, explicando como seu corpo reage, quais medicamentos podem ajudar e o que você pode fazer no dia a dia. Nosso maior desejo é que você tenha o máximo de conforto e qualidade de vida durante sua jornada de tratamento.

2. O que é Náusea e Vômito Oncológicos?

2.1. Como a Náusea e o Vômito Acontecem? Uma Conversa com seu Cérebro e Corpo

Seu cérebro tem um "centro de comando" que orquestra a náusea e o vômito. Ele recebe informações de várias partes do corpo e, quando detecta algo errado, pode disparar o reflexo. Vamos entender como:

  • A "Zona de Alarme" (ZGQ): É como uma sentinela no seu cérebro que está sempre atenta a substâncias no sangue. Quando os medicamentos da quimioterapia ou outras toxinas chegam a essa zona, ela detecta e envia um sinal de "alerta". Essa zona tem "portinhas" especiais (chamadas receptores D2 para dopamina, receptores 5-HT3 para serotonina, e receptores NK1 para Substância P).

    • Como os remédios agem: Nossos antieméticos podem "trancar" ou "bloquear" essas portinhas (como os antagonistas D2, 5-HT3 e NK1), impedindo que as substâncias da quimioterapia entrem e acionem o alerta.

  • Seu Intestino e Estômago: Eles têm "sensores" que liberam substâncias (como a serotonina) quando irritados pela quimioterapia. Esses sinais viajam por nervos até o cérebro, reforçando a sensação de enjoo.

    • Como os remédios agem: Medicamentos como a Ondansetrona ou Palonosetrona (Antagonistas 5-HT3) bloqueiam esses sinais já no intestino, impedindo que cheguem ao cérebro.

  • Mensageiros de Alerta no Cérebro: A quimioterapia pode estimular a liberação de uma substância chamada Substância P, que se liga aos receptores NK1 no cérebro. Isso causa uma sensação de enjoo que pode durar mais tempo.

    • Como os remédios agem: Medicamentos como o Aprepitanto (Antagonistas NK1) bloqueiam esses receptores, impedindo que a Substância P cause enjoo, sendo muito úteis para o enjoo que vem mais tarde.

  • Suas Emoções e Sentidos: Preocupação, ansiedade, medo, ou até mesmo um cheiro forte ou uma lembrança de enjoo anterior podem enviar sinais diretos ao cérebro, ativando receptores GABA-B (relacionados ao relaxamento) e receptores D2 (para dopamina) em outras áreas.

    • Como os remédios agem: Medicamentos como o Lorazepam (que age nos receptores GABA) ajudam a acalmar a ansiedade. Já a Olanzapina age em várias "portinhas" ao mesmo tempo, incluindo as de dopamina e serotonina, sendo muito eficaz para enjoo complexo e ansiedade.

  • Ouvido e Equilíbrio: Problemas de equilíbrio ou movimento podem causar enjoo, acionando receptores H1 (histamina) e muscarínicos (acetilcolina).

    • Como os remédios agem: Medicamentos como a Escopolamina ou o Dimenidrinato bloqueiam esses sinais.

2.2. Os Diferentes Tipos de Náusea e Vômito Durante o Tratamento

A náusea e o vômito podem aparecer em momentos diferentes:

  • Náusea e Vômito Agudos: Acontecem nas primeiras 24 horas após receber o tratamento, geralmente nas primeiras 6 horas. São causados principalmente pelos sinais que vêm do intestino.

  • Náusea e Vômito Tardios: Surgem após as primeiras 24 horas e podem durar alguns dias (às vezes até 5 a 7 dias). São causados principalmente por mensageiros cerebrais como a Substância P.

  • Náusea e Vômito Antecipatórios: Aparecem antes mesmo de você receber o tratamento, muitas vezes na sala de espera ou a caminho da clínica. É uma reação do corpo que "aprendeu" a associar o ambiente ao enjoo, e a ansiedade tem um papel importante aqui.

  • Náusea e Vômito de Escape: Acontecem mesmo quando você já está tomando os medicamentos para prevenir. Isso significa que precisamos de uma medicação "extra" para controlar o sintoma.

  • Náusea e Vômito Refratários: São aqueles que continuam a incomodar, mesmo com todos os esforços de prevenção e tratamento de escape. Seu médico pode precisar mudar o plano antiemético para tentar algo diferente.

2.3. Outras Causas de Náusea e Vômito: É Importante Contar ao seu Médico

Nem toda náusea ou vômito é causada diretamente pela quimioterapia ou radioterapia. Existem outras razões que seu médico precisa saber para te ajudar melhor:

  • Problemas no Intestino: Como prisão de ventre grave ou obstruções.

  • Outros Órgãos: Problemas no fígado, rins, cérebro (por exemplo, metástases).

  • Desequilíbrios do Corpo: Alterações no açúcar no sangue (glicemia), cálcio ou outros sais minerais.

  • Medicamentos: Alguns outros remédios que você toma, incluindo analgésicos fortes (opioides), também podem causar enjoo.

  • Infecções: Um quadro infeccioso pode trazer náuseas.

  • Ansiedade e Preocupação: Suas emoções têm um grande impacto.

Sempre relate ao seu médico ou equipe de saúde qualquer sintoma de náusea ou vômito, descrevendo quando começaram, o que você estava fazendo e o que pode ter aliviado ou piorado. Essa informação é ouro para eles!

3. Por que Controlar a Náusea e o Vômito?

Controlar a náusea e o vômito é fundamental por várias razões:

  • Qualidade de Vida: Ninguém merece sentir-se mal. Queremos que você aproveite seus dias da melhor forma possível.

  • Alimentação e Nutrição: O enjoo pode dificultar a alimentação, o que é crucial para manter sua força e energia durante o tratamento.

  • Hidratação: Vômitos excessivos podem levar à desidratação, que pode ser perigosa.

  • Adesão ao Tratamento: Se a náusea for muito intensa, você pode sentir vontade de parar o tratamento, o que não é bom para sua recuperação.

  • Menos Complicações: O vômito constante pode causar problemas como esofagite (inflamação do esôfago) ou fraqueza.

4. Como a Equipe de Saúde Ajuda? Nossos Princípios de Cuidado

Sua equipe de saúde tem um plano detalhado para combater a náusea e o vômito, sempre pensando no seu bem-estar.

4.1. Entendendo o Risco do seu Tratamento

Cada medicamento ou tipo de radioterapia tem uma "chance" diferente de causar náusea e vômito. Seus médicos avaliam essa "chance" para decidir qual a melhor combinação de medicamentos antieméticos para você. Essa chance é baseada na porcentagem de pessoas que teriam náusea e vômito se não usassem nenhum medicamento para prevenir:

  • Alto Risco (HEC): Mais de 90% de chance de ter náusea e vômito.

  • Risco Moderado (MEC): Entre 30% e 90% de chance de ter náusea e vômito.

  • Baixo Risco: Entre 10% e 30% de chance de ter náusea e vômito.

  • Risco Mínimo: Menos de 10% de chance de ter náusea e vômito.

4.2. Seu Plano de Prevenção: Uma Combinação Personalizada

É muito mais fácil prevenir a náusea e o vômito do que tratá-los depois que eles já começaram. Por isso, a prevenção é nossa principal estratégia! Seu médico criará um plano personalizado para você, que geralmente inclui:

  • Medicamentos Combinados: Eles usam diferentes tipos de medicamentos (que agem em diferentes "portinhas" do seu cérebro e corpo) para bloquear os sinais de náusea e vômito.

  • Início Antecipado: Os medicamentos para náusea e vômito geralmente são dados antes do seu tratamento principal, e continuados por alguns dias depois, para cobrir todo o período de risco.

  • Ajustes: Se um plano não funcionar tão bem, seu médico pode ajustá-lo para os próximos ciclos.

4.3. Seu Papel no Tratamento: A Importância de Comunicar-se

Você é a pessoa mais importante na sua equipe de cuidados!

  • Seja Aberto(a): Conte ao seu médico e enfermeiros sobre qualquer náusea ou vômito que você sinta, mesmo que seja leve. Não tenha vergonha!

  • Descreva Detalhes: Diga quando acontece, o que você comeu, se sente ansiedade. Isso ajuda a entender a causa.

  • Fatores Pessoais: Informe seu médico se você já teve muito enjoo em outras situações (como viagens, gravidez), se usa álcool ou se é uma pessoa ansiosa. Esses detalhes ajudam a personalizar seu plano.

4.4. Dicas para o Dia a Dia: Pequenas Mudanças, Grande Diferença

Alguns hábitos simples podem fazer uma grande diferença:

  • Alimentação:

    • Coma pequenas porções, mais vezes ao dia, em vez de refeições grandes.

    • Prefira alimentos leves, secos e de fácil digestão (como torradas, biscoitos de água e sal).

    • Evite alimentos muito gordurosos, apimentados, fritos ou com cheiro forte.

    • Tente comer em temperatura ambiente ou frios, pois podem ter menos cheiro.

    • Beba líquidos entre as refeições, não durante, para não encher o estômago.

  • Ambiente:

    • Evite cheiros fortes, como perfumes, fumaça ou de certos alimentos.

    • Mantenha o ambiente arejado e fresco.

    • Descanse bastante e evite atividades muito extenuantes.

  • Relaxamento:

    • Técnicas de respiração profunda, meditação, ouvir música relaxante ou conversar com um amigo podem ajudar a reduzir a ansiedade e, consequentemente, a náusea.

5. Os Medicamentos Contra Náusea e Vômito (Antieméticos): Seus Aliados

Seu médico escolherá os medicamentos antieméticos mais adequados para você. Eles agem de diferentes maneiras e são escolhidos com base no tipo de tratamento que você está recebendo e em como você se sente.

5.1. Para Bloquear os Sinais da Barriga (Antagonistas 5-HT3)

  • Nomes Comuns: Ondansetrona, Granisetrona, Palonosetrona, Dolasetrona.

  • Como Agem: Bloqueiam os sinais de enjoo que vêm do seu intestino e da "zona de alarme" do cérebro (receptores 5-HT3), sendo eficazes para a náusea e o vômito que surgem nas primeiras 24 horas (agudos). A Palonosetrona e algumas formulações de Granisetrona são especialmente boas para o enjoo que vem mais tarde (tardio) por durarem mais tempo.

  • Quando são usados: Para prevenir a náusea e o vômito agudos e tardios em tratamentos de alto, moderado e baixo risco.

  • Como Tomar: Geralmente são administrados por via oral (comprimido) ou injetável (na veia ou subcutânea) antes do tratamento, e alguns tipos (como adesivos transdérmicos ou injeções subcutâneas de liberação lenta de Granisetrona) têm efeito prolongado.

  • Possíveis Efeitos Colaterais: Podem causar dor de cabeça ou prisão de ventre. Em alguns casos, o médico monitorará o coração com um eletrocardiograma (ECG), pois podem ter um efeito leve no ritmo cardíaco.

  • Interações Importantes: Seu médico terá cuidado se você tomar outros medicamentos que possam afetar o ritmo cardíaco.

5.2. Para Bloquear Sinais Profundos no Cérebro (Antagonistas NK1)

  • Nomes Comuns: Aprepitanto (comprimido), Fosaprepitanto (injetável), Netupitanto (sempre combinado com Palonosetrona, oral ou injetável), Rolapitanto (comprimido).

  • Como Agem: Atuam mais profundamente no cérebro, bloqueando os receptores NK1 que causam a sensação de enjoo prolongada, especialmente a que vem alguns dias depois do tratamento (tardios). Funcionam muito bem em combinação com os medicamentos que bloqueiam os sinais da barriga.

  • Quando são usados: Para prevenir a náusea e o vômito agudos e tardios em tratamentos de alto e moderado risco.

  • Como Tomar: Administrados por via oral (comprimido) ou injetável (na veia) antes do tratamento, e o tratamento pode continuar por alguns dias, dependendo do medicamento específico.

  • Possíveis Efeitos Colaterais: Podem causar cansaço, prisão de ventre ou soluços.

  • Interações Importantes: Podem interagir com outros medicamentos, incluindo a Dexametasona (um tipo de corticoide). Por isso, seu médico ajustará as doses para que funcionem bem juntos.

5.3. Corticoides (como a Dexametasona): Um Reforço Importante

  • Nome Comum: Dexametasona.

  • Como Agem: São medicamentos que ajudam a combater a inflamação e a reforçar a ação dos outros antieméticos, ajudando a controlar tanto a náusea imediata (aguda) quanto a que vem mais tarde (tardia).

  • Quando são usados: Fundamental na prevenção para tratamentos de alto e moderado risco, e também em baixo risco e radioterapia. Pode ser usado como medicação de escape.

  • Como Tomar: Administrado por via oral (comprimido) ou injetável (na veia), geralmente antes do tratamento e continuado por alguns dias. Para radioterapia, pode ser tomado diariamente.

  • Possíveis Efeitos Colaterais: Podem aumentar o nível de açúcar no sangue (o que é importante para quem tem diabetes), causar dificuldade para dormir ou soluços. Por isso, geralmente são dados pela manhã.

  • Interações Importantes: Seu médico terá cuidado ao usá-los se você estiver recebendo imunoterapia, pois há discussões sobre como eles podem interagir com o tratamento. Também interagem com os medicamentos da classe NK1 RAs, e seu médico ajustará as doses.

5.4. Olanzapina: Um Medicamento com Ação Ampla

  • Nome Comum: Olanzapina.

  • Como Agem: Este medicamento age de várias formas no cérebro, bloqueando diferentes tipos de sinais que causam náusea e vômito, incluindo aqueles relacionados à dopamina e serotonina. É muito eficaz, especialmente para as náuseas mais difíceis de controlar e para a náusea que acompanha a ansiedade.

  • Quando são usados: Na prevenção para tratamentos de alto e moderado risco. Também é uma excelente opção para a náusea "antecipatória" e como medicação de "escape".

  • Como Tomar: Geralmente tomado por via oral (comprimido), muitas vezes à noite, pois pode dar sono.

  • Possíveis Efeitos Colaterais: O principal efeito é o sono (sedação), por isso é recomendado tomar à noite. Pode também aumentar o apetite, o que pode ser um benefício para alguns pacientes. Seu médico monitorará o nível de açúcar no sangue, assim como com os corticoides.

5.5. Para Aliviar a Ansiedade (Benzodiazepínicos)

  • Nome Comum: Lorazepam.

  • Como Agem: Não são medicamentos para náusea diretamente, mas ajudam a reduzir a ansiedade (atuando em receptores GABA), que é uma grande causa da náusea antecipatória e pode piorar o enjoo geral.

  • Quando são usados: Para náusea "antecipatória" e como medicação de "escape" quando a ansiedade é um fator.

  • Como Tomar: Administrado por via oral (comprimido), sublingual ou injetável (na veia). Pode ser tomado na noite anterior ao tratamento ou um pouco antes do tratamento.

  • Possíveis Efeitos Colaterais: Podem causar sonolência.

  • Interações Importantes: É importante ter cuidado ao usá-los, especialmente se você for idoso(a) ou já tomar outros medicamentos para dormir ou medicamentos fortes para dor (opioides), pois podem aumentar o sono.

5.6. Para Ajudar a Digestão e o Cérebro (Antagonistas Dopaminérgicos)

  • Nomes Comuns: Metoclopramida, Proclorperazina, Haloperidol.

  • Como Agem: Bloqueiam os receptores de dopamina (D2) na "zona de alarme" do cérebro. A Metoclopramida também ajuda o estômago a esvaziar mais rápido.

  • Quando são usados: Para náusea e vômito de baixo risco, gastroparesia (estômago lento), náusea induzida por medicamentos como opioides, e como medicação de "escape".

  • Como Tomar: Administrados por via oral (comprimido), injetável (na veia ou intramuscular) ou supositório (via retal).

  • Possíveis Efeitos Colaterais: Podem causar sonolência, cansaço ou, em alguns casos, movimentos involuntários (rigidez, tremores).

5.7. Canabinoides: Uma Opção para Casos Difíceis

  • Nome Comum: Dronabinol (um medicamento similar à substância encontrada na cannabis).

  • Como Agem: Agem no cérebro em receptores específicos (CB1) para controlar a náusea e estimular o apetite.

  • Quando são usados: Para náusea e vômito que não melhoram com outros medicamentos, ou quando o apetite também é um problema, como medicação de "escape".

  • Como Tomar: Tomado por via oral (cápsula ou solução).

  • Possíveis Efeitos Colaterais: Podem causar sonolência, tontura ou euforia.

5.8. Outros Ajudantes: Escopolamina e Capsaicina Tópica

  • Escopolamina:

    • Como Agem: Bloqueiam os receptores no sistema do equilíbrio (receptores muscarínicos), sendo úteis para náuseas relacionadas a movimentos.

    • Quando são usados: Para náuseas relacionadas a movimentos, problemas de equilíbrio ou para controlar a salivação e secreções.

    • Como Tomar: Usado em adesivos na pele ou injetável.

    • Possíveis Efeitos Colaterais: Boca seca, sonolência e visão turva.

  • Capsaicina Tópica:

    • Como Agem: É uma substância encontrada na pimenta, usada em forma de pomada. Pode atuar em receptores na pele para reduzir a sensação de náusea.

    • Quando são usados: Em alguns estudos, mostrou-se útil para náuseas tardias ou persistentes como um tratamento adicional.

    • Como Tomar: Aplicado na pele como uma pomada.

    • Possíveis Efeitos Colaterais: Pode causar sensação de queimação na pele.

6. O Plano de Prevenção e Tratamento: Quando e Como Agimos

Seu plano antiemético será cuidadosamente desenhado para sua segurança e conforto.

6.1. Antes, Durante e Depois da Quimioterapia Injetável

  • Alto Risco (HEC - Mais de 90% de chance de enjoo):

    • Dia do Tratamento: Você receberá 3 ou 4 medicamentos antes da quimioterapia. A combinação mais completa inclui um Antagonista 5-HT3 (como Palonosetrona), um Antagonista NK1 (como Aprepitanto ou Fosaprepitanto), Dexametasona e, muitas vezes, Olanzapina. São administrados por via oral (comprimido) ou injetável (na veia ou subcutânea).

    • Dias Seguindo o Tratamento (por 3 ou 4 dias): Você continuará a tomar alguns medicamentos, como Olanzapina, Dexametasona e/ou Aprepitanto, para prevenir o enjoo que pode vir mais tarde.

    • Possíveis Efeitos Colaterais Comuns: Prisão de ventre, dor de cabeça, sonolência (com Olanzapina), aumento do açúcar no sangue (com Dexametasona), soluços.

  • Risco Moderado (MEC - 30% a 90% de chance de enjoo):

    • Dia do Tratamento: Você receberá 2 ou 3 medicamentos antes da quimioterapia, como um Antagonista 5-HT3 (Ondansetrona, Granisetrona ou Palonosetrona) e Dexametasona. Em alguns casos, dependendo do seu risco individual, pode ser adicionado um Antagonista NK1 (Aprepitanto ou Fosaprepitanto) ou Olanzapina. A administração é por via oral ou injetável.

    • Dias Seguindo o Tratamento (por 2 ou 3 dias): Você continuará com Dexametasona, ou um Antagonista 5-HT3 oral, ou Olanzapina para controlar o enjoo tardio.

    • Possíveis Efeitos Colaterais Comuns: Prisão de ventre, dor de cabeça, sonolência, soluços.

  • Risco Baixo (10% a 30% de chance de enjoo):

    • Dia do Tratamento: Geralmente, um único medicamento é suficiente, como Dexametasona, Metoclopramida, Proclorperazina ou um Antagonista 5-HT3 (Ondansetrona ou Granisetrona). Administrado por via oral ou injetável antes do tratamento.

    • Dias Seguindo o Tratamento: Normalmente, não é necessário continuar tomando, a menos que o enjoo apareça.

    • Possíveis Efeitos Colaterais Comuns: Sonolência, prisão de ventre, tontura, movimentos involuntários (com Metoclopramida ou Proclorperazina).

  • Risco Mínimo (Menos de 10% de chance de enjoo):

    • Normalmente, não há necessidade de tomar medicamentos para náusea antes do tratamento. Você receberá um medicamento apenas se sentir enjoo.

6.2. Para a Quimioterapia em Comprimidos

  • Alguns medicamentos de quimioterapia em comprimidos também podem causar náusea e vômito. Seu médico avaliará o risco específico do seu medicamento oral.

    • Para medicamentos de risco moderado a alto: Você pode precisar tomar um Antagonista 5-HT3 (Ondansetrona ou Granisetrona) ou Olanzapina regularmente nos dias em que toma a quimioterapia.

    • Para medicamentos de risco baixo ou mínimo, ou alguns de risco moderado a alto (PRN): Você receberá medicamentos como Metoclopramida, Proclorperazina ou Antagonistas 5-HT3 para tomar apenas se sentir enjoo.

  • Importante: Se o enjoo acontecer mesmo tomando os medicamentos, informe seu médico. Ele pode ajustar o plano para o próximo ciclo.

6.3. Durante a Radioterapia

  • Se a radioterapia for em áreas como o abdome superior (parte de cima da barriga) ou o corpo todo, pode ser necessário tomar medicamentos como um Antagonista 5-HT3 (Ondansetrona ou Granisetrona) e/ou Dexametasona antes de cada sessão de radioterapia.

  • Possíveis Efeitos Colaterais: Prisão de ventre, dor de cabeça (com Antagonistas 5-HT3), aumento do açúcar no sangue, insônia (com Dexametasona).

6.4. A Náusea "Antecipatória": Quando a Mente Influi

  • Se você sente náusea antes mesmo de chegar à clínica, é fundamental conversar com seu médico! Ele pode sugerir medicamentos como o Lorazepam ou a Olanzapina para tomar na noite anterior ou um pouco antes do tratamento.

  • Possíveis Efeitos Colaterais: Sonolência.

  • Além dos Remédios: Técnicas de relaxamento, como ouvir música, fazer exercícios de respiração, ou conversar com alguém sobre suas preocupações, podem ajudar muito.

6.5. Se a Náusea "Voltar": Tratamento de Escape

  • Mesmo com todo o cuidado e prevenção, a náusea ou o vômito podem surgir. Se isso acontecer, não hesite em avisar a equipe! Você terá medicamentos "de escape" que são adicionados ao seu tratamento habitual para controlar o sintoma.

  • Como Agem: Esses medicamentos de escape agem de forma diferente dos que você já está tomando, buscando bloquear a náusea por outra via.

  • Exemplos de Medicamentos de Escape: Olanzapina, Haloperidol, Metoclopramida, Lorazepam, Dronabinol (Canabinoide), Escopolamina (adesivo), ou um Antagonista 5-HT3 adicional.

  • Como Tomar: Podem ser tomados por via oral, injetável ou em supositório, dependendo do medicamento e da sua situação.

  • Possíveis Efeitos Colaterais: Os efeitos variam conforme o medicamento, mas podem incluir sonolência, prisão de ventre, tontura, boca seca.

  • Importante: Se você precisar usar muito os medicamentos de escape, informe seu médico. Ele pode mudar seu plano de prevenção para o próximo ciclo, tornando-o mais forte.

7. Classificação dos Medicamentos do Câncer pelo Risco de Êmese

Seu médico usa uma lista detalhada para saber o risco de enjoo de cada tratamento. Essa lista inclui a porcentagem de pessoas que sentiriam náusea e vômito se não tomassem nenhum remédio para prevenir.

7.1. Medicamentos Injetáveis (por via intravenosa ou subcutânea)

  • Alto Risco (HEC) - Mais de 90% de chance de enjoo:

    • Exemplos: Cisplatina, Dacarbazina, Estreptozocina, Mecloretamina, Doxorrubicina (em doses mais altas), Ciclofosfamida (em doses mais altas), Melfalano (em doses mais altas), Epirrubicina (em doses mais altas), Fam-trastuzumabe deruxtecano-nxki, Datopotamab deruxtecan-dlnk, Sacituzumab govitecan-hziy, Zolbetuximab-clzb, e regimes que combinam antraciclina e ciclofosfamida (Combinação AC).

  • Risco Moderado (MEC) - Entre 30% e 90% de chance de enjoo:

    • Exemplos: Carboplatina (em doses menores), Oxaliplatina, Ifosfamida (em doses menores), Doxorrubicina (em doses menores), Irinotecano, Citarabina (em doses médias), Metotrexato (em doses mais altas), Aldesleucina, Bendamustina, Bussulfano, Carmustina (em doses menores), Clofarabina, Dactinomicina, Daunorrubicina, Dinutuximabe, Epirrubicina (em doses menores), Idarrubicina, Irinotecano (lipossomal), Lurbinectedina, Melfalano (em doses menores), Mirvetuximabe soravtansina-gynx, Naxitamabe-gqgk, Romidepsina, Temozolomida, Trabectedina.

  • Risco Baixo - Entre 10% e 30% de chance de enjoo:

    • Exemplos: Paclitaxel, Docetaxel, Gemcitabina, Metotrexato (em doses menores), Etoposido, Fluorouracil (5-FU), Amifostina (em doses menores), Aldesleucina (em doses menores), Amivantamabe-vmjw, Trióxido de arsênio, Azacitidina, Belinostat, Brentuximabe vedotin, Brexucabtagene autoleucel, Cabazitaxel, Carfilzomib, Citarabina (em doses baixas), Doxorrubicina (lipossomal), Elranatamabe-bcmm, Enfortumabe vedotin-ejfv, Epcoritamabe-bysp, Eribulina, Floxuridina, Gemtuzumabe ozogamicina, Idecabtagene vicleucel, Inotuzumabe ozogamicina, Isatuximabe-irfc, Ixabepilona, Lifileucel, Lisocabtagene maraleucel, Loncastuximab tesirine-lpyl, Mitomicina, Mitoxantrona, Mogamulizumabe-kpkc, Mosunetuzumabe-axgb, Necitumumabe, Omacetaxina, Paclitaxel-albumina, Pemetrexede, Pentostatina, Polatuzumabe vedotin-piig, Pralatrexato, Tafasitamabe-cxix, Tagraxofusp-erzs, Talimogene laherparepvec, Tebentafusp-tebn, Tiotepa, Tisagenlecleucel, Tisotumabe vedotin-tftv, Topotecano, Ziv-aflibercept.

  • Risco Mínimo - Menos de 10% de chance de enjoo:

    • Exemplos: Bevacizumabe, Pembrolizumabe, Nivolumabe, Trastuzumabe, Vincristina, Alemtuzumabe, Asparaginase, Atezolizumabe, Avelumabe, Bleomicina, Blinatumomabe, Bortezomib, Cetuximabe, Fludarabina, Ipilimumabe, Leuprolida, Metotrexato (em doses muito baixas), Octreotida, Panitumumabe, Pertuzumabe, Rituximabe, Siltuximabe, Temsirolimus, Valrubicina, Vinblastina, Vinorelbina, e muitos outros.

7.2. Medicamentos Orais (em Comprimidos/Cápsulas)

  • Risco Moderado a Alto - Mais de 30% de chance de enjoo:

    • Exemplos (requerem prevenção): Azacitidina, Bussulfano (doses mais altas), Ciclofosfamida (doses mais altas), Midostaurina, Mitotano, Temozolomida (doses mais altas ou com radioterapia).

    • Exemplos (pode-se começar com remédio "se precisar"): Abemaciclibe, Adagrasib, Avapritinibe, Cabozantinibe, Crizotinibe, Dabrafenibe, Encorafenibe, Etoposido, Imatinibe (doses mais altas), Olaparib, Procarbazina, Sunitinibe, e outros.

  • Risco Mínimo a Baixo - Menos de 30% de chance de enjoo:

    • Exemplos: Abiraterona, Acalabrutinibe, Afatinibe, Capecitabina, Tamoxifeno, Metotrexato (em doses baixas), Sunitinibe, e a maioria dos medicamentos de terapia-alvo ou hormonioterapia.

7.3. Medicamentos Radiofarmacêuticos (com Substâncias Radioativas)

  • Risco Moderado - Entre 30% e 90% de chance de enjoo:

    • Exemplos: Iobenguane Iodo-131, Lutécio Lu-177 dotatato.

  • Risco Baixo - Entre 10% e 30% de chance de enjoo:

    • Exemplos: Lutécio Lu-177 vipivotida tetraxetano.

  • Risco Mínimo - Menos de 10% de chance de enjoo:

    • Exemplos: Rádio-223 dicloreto, Iodeto de sódio I-131, Estrôncio-89.

8. Novidades no Combate à Náusea: Estamos Sempre Evoluindo

A pesquisa na área do controle da náusea e do vômito não para! Novas opções e estratégias surgem continuamente:

  • Olanzapina: Tem se mostrado uma excelente adição aos tratamentos, especialmente para náuseas mais persistentes, reduzindo a ansiedade e controlando o enjoo, inclusive em regimes de tratamento mais intensos.

  • Novos Medicamentos Injetáveis: Novos medicamentos que agem em diferentes partes do corpo, com menos efeitos colaterais e mais conveniência (como doses únicas), estão sempre sendo desenvolvidos.

  • Adesivos e Injeções de Longa Duração: Existem opções de medicamentos contra náusea em adesivos ou injeções que duram vários dias, tornando o tratamento mais fácil para você.

  • "Economizando" Corticoides: Os médicos estão buscando formas de usar menos Dexametasona, ou por menos tempo, para pacientes que têm diabetes, problemas para dormir ou aqueles que estão fazendo imunoterapia, substituindo-os por outros medicamentos eficazes.

  • Pesquisas com Produtos Tópicos: Novas abordagens, como pomadas de capsaicina, estão sendo estudadas para ajudar em certos tipos de náusea.

9. O que Você Precisa Saber sobre os Medicamentos no Brasil

Todos os medicamentos que seu médico prescreve são aprovados e monitorados por órgãos rigorosos no Brasil:

  • ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária): Garante que os medicamentos sejam seguros e eficazes para uso no país.

  • ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar): Define quais tratamentos e medicamentos os planos de saúde são obrigados a cobrir. Os medicamentos para controle de efeitos colaterais do câncer estão incluídos.

  • CONITEC (Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS): Avalia e decide quais tratamentos e medicamentos são incorporados ao Sistema Único de Saúde (SUS), garantindo o acesso da população.

A sua equipe de saúde está sempre atenta a essas aprovações para garantir que você receba o que há de melhor e mais seguro, de acordo com as diretrizes nacionais.

10. Mensagem Final: Você Não Está Sozinho(a)

Sabemos que essa jornada pode ser desafiadora, mas queremos reforçar que o controle da náusea e do vômito é uma prioridade para sua equipe. Não sofra em silêncio! Compartilhe tudo o que você sente, e juntos encontraremos as melhores soluções para seu conforto. Você é parte fundamental dessa equipe e sua participação é essencial.

11. Onde Encontrar Mais Informações e Suporte

Para mais informações, dicas e conteúdos exclusivos sobre o tratamento do câncer e cuidados de suporte, convidamos você a visitar e seguir nossos canais:

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Aguardamos sua visita para continuarmos juntos nessa jornada de informação e apoio!

Aviso Importante: Este material foi preparado para informar você, paciente oncológico, e sua família. Ele não substitui a consulta com seu médico ou com a equipe de saúde. As informações aqui apresentadas são gerais e o seu tratamento será sempre adaptado às suas necessidades específicas pela sua equipe médica. Em caso de dúvidas ou sintomas, converse sempre com seu médico.